Festival Marajoara de Cultura Amazônica mostra a produção cultural do Marajó
Neste final de semana, 14 e 15
de julho, as cidades de Salvaterra e Soure, no Marajó, serão palco de grandes
mostras da cultura regional no Festival Marajoara de Cultura Amazônica. O
evento é idealizado pelo Coletivo Pulsar Marajoara, reunindo várias expressões
de artes, buscando colocar em evidência a tradição marajoara, devolvendo suas
manifestações para as ruas e valorizando os mestres e mestras da cultura
popular, que estavam esquecidos e desvalorizados, devido ao grande apelo da
cultura de massa.
Para o cineasta Guto Nunes, um dos
coordenadores do evento, “Este é um projeto importante, porque pretende
resgatar e, acima de tudo, fortalecer o histórico cultural da região, colocando
os artistas e seus saberes em evidência, e dando oportunidade para que as novas
gerações conheçam e se interessem pela rica tradição local”, afirma.
Entre as expressões artísticas que
participam do evento, o destaque está para a dança, música, cinema, produção de
instrumentos, artesanato entre outros, incluindo atividades na comunidade quilombola
de Bairro Alto, em Salvaterra, que reúne o maior número de comunidades
remanescentes de quilombo, de toda região marajoara.
Vários artistas da região
metropolitana de Belém, como Alfredo Reis, Ronaldo Silva, Alan Carvalho, Luiz
Girard, Sentinelas do Norte, Cobra Venenosa e Ita Lemi Sinavuru, juntam se as
referências marajoaras como Mestre Damasceno, Mestre Diquinho, Grupo
Cruzeirinho, Tambores do Pacoval, Mestre Zampa, Mestre Vavá, os Grupos
Paracauari, Sabor da Ilha, Nativos Marajoaras e o Boi Marronzinho da Terra
Firme, em Belém, numa programação espalhadas por vários pontos destas cidades,
com horários diversos, arrastando o veranista e o morador local para vivenciar
a mais legítima cultura paraense e marajoara.
O festival já teve seu início desde o
dia 2 de julho, quando ocorreram as oficinas de artes em Salvaterra e Souré. Nesta
quinta-feira (12), quinta feira, ocorrerá em Souré a Feijoada com Carimbó, para
a inauguração da nova fachada da sede do grupo Cruzeirinho, assinada pela
artista Drika Chagas, concluindo a oficina de arte urbana. Dia 13, sexta feira,
a comunidade quilombola de Bairro Alto vai realizar a Festa de Quilombo, com
passeio ciclístico, exibição de teatro de animação e cinema e apresentações
culturais das 16 comunidades quilombolas de Salvaterra. Depois, à noite, reúnem
se para o grande lual na cidade de Salvaterra, as margens a Baia de Marajó, com
apresentação da vários artistas marajoaras e da capital do estado.
No sábado, 14, a festa vai acontecer
em Souré, na sede da Associação dos Moradores do Bairro do Pacoval – Ampac, a
partir da 19h30, com apresentações culturais e exposição do ceramista Ronaldo
Guedes, responsável pelo Ateliê Arte Mangue Marajó. E no domingo, 15, será o
dia da grande apoteose com arrastão cultural pelas ruas de Salvaterra, saindo
da orla da cidade com o Carimbúfalo. Este cortejo cultural envolve os bois
bumbas, vários grupos de carimbó e o búfalo bumba, idealizado pelo mestre
Damasceno. Chegando à Praça Magalhães Barata, onde os artistas irão ocupar o
palco do verão de Salvaterra, numa grande homenagem ao Mestre Regatão,
integrante dos Tambores do Pacoval, já falecido.
“Esta é uma festa popular que é do
povo, feita pelo povo e para o povo, onde todos podem e devem participar,
gratuitamente, pelas ruas, como se fazia antigamente” afirma Guto Nunes,
destacando o caráter fraterno e congregador do evento, num momento em que o
Marajó vive a alta estação da temporada de férias e as cidades de Salvaterra e
Soure chegam quase a duplicar suas populações com a chegada de visitantes das
mais diversas partes do Pará, do Brasil e até do mundo, aproveitando todo apelo
natural destas duas cidades com belas praias, matas, igarapés, fazendas e
muitas trilhas naturais.
Por Dário Pedrosa, Ilha do Marajó
Imagem: Divulgação
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